O impacto da pandemia na vida dos profissionais da saúde da Unimed Avaré
Decretada há mais de um ano pela OMS (Organização Mundial de Saúde), a pandemia do novo coronavírus causou mudanças na vida de toda a população. No caso dos profissionais da saúde que atuam na linha de frente do combate à doença, o impacto tem proporções ainda maiores. Médicos, enfermeiros, técnicos, biomédicos, entre outras categorias, são profissionais que, diariamente, se dedicam aos cuidados dos pacientes com Covid-19.
Neste momento em que o Brasil está vivendo uma fase crítica da pandemia, a situação exige mais esforço por parte dos profissionais da saúde. Em Avaré, a realidade não é diferente. “Estamos no pior momento da pandemia. O Pronto Socorro Municipal está superlotado, com pacientes entubados aguardando vaga de UTI, hospitais da região sem vaga”, afirmou o endocrinologista Leandro Michelin, vice-presidente da Unimed Avaré.
Segundo o médico, no âmbito da Unimed, foi implantado um ambulatório especial para pacientes com Covid-19 que, além dos beneficiários da Cooperativa, atende pacientes particulares. “Nosso objetivo foi ajudar a suprir a demanda e, com isso, aumentou o número de pacientes que procuram o ambulatório. Chegamos a ter pico de atendimento de 150 pessoas por dia”, explicou Leandro.
Além de ser responsável pela parte administrativa da área de internações da Unimed para pacientes com o vírus (Ala 1 da Santa Casa de Avaré), o vice-presidente da Unimed passou a integrar a equipe de médicos que atendem na Ambulatório de Covid-19. Coordenado pelo pneumologista Valmir Kuniyoshi, diretor administrativo da Unimed Avaré, a equipe do Ambulatório também conta com a médica Ana Caroline Poçarli. “Tive que abrir mão de algumas horas do consultório para atuar no atendimento aos pacientes com Covid”, disse Leandro.
Na opinião do médico, a falta de assistência é um dos principais problemas com relação ao enfrentamento do novo coronavírus. “Quando o paciente é assistido e tudo é identificado no começo, a chance de sobreviver à doença é infinitamente maior”, observou.
Rotina mais intensa
A biomédica Renata Paulucci Negrão Duarte, responsável pelo Laboratório da Unimed, afirmou que, na pandemia, a rotina de trabalho ficou mais intensa. “Além dos exames de rotina, fazemos muitos exames para diagnóstico de Covid e para acompanhamento das pessoas contaminadas que estão em tratamento”, relatou.
Segundo Renata, outro fator que mudou a rotina foi a necessidade da urgência no resultado dos exames. “Por isso, o Laboratório adquiriu um equipamento para realizar um teste de Covid cujo resultado sai no mesmo dia, agilizando o diagnóstico e possibilitando iniciar o tratamento mais rápido dos pacientes”, enfatizou a biomédica.
Sentimento de impotência
Para a enfermeira Ana Maria Gambini Rodrigues, responsável pelo serviço de enfermagem do Ambulatório Especial contra Covid-19 e pelo Centro Cirúrgico da Unimed, a pandemia lhe causa um sentimento de impotência. “Tivemos que aprender a enfrentar algo brutal que é o sofrimento da perda de muitos membros da mesma família em questão de dias. Isso acontecia em alguns acidentes automobilísticos. Agora, assistimos famílias sendo destruídas por algo desconhecido e aterrorizante”, relatou Ana Maria.
Do ponto de vista emocional, na opinião do vice-presidente da Unimed Avaré, Leandro Michelin é muito difícil vivenciar o sofrimento provocado pela Covid-19. “Já perdi pacientes e amigos próximos. Ninguém está preparado para morrer e ninguém quer perder um ente querido, mas infelizmente a gente tem que saber que isso pode acontecer e precisa enfrentar de cabeça erguida com fé e entregar às mãos de Deus”, disse Leandro.
Apelo à população
Sobre o crescimento do número de casos e de mortes no Brasil, o médico Leandro, a enfermeira Ana Maria e a biomédica Renata são unânimes: a população precisa se conscientizar da gravidade da situação e obedecer às medidas necessárias para evitar a disseminação do vírus, como usar máscara, sempre lavar as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool, cumprir o distanciamento social, não promover festas, reuniões e outros tipos de aglomerações.
“É importante que as pessoas saibam que não há vaga para internação na rede pública. Se alguém pegar Covid e precisar de oxigênio, provavelmente, não vai conseguir na rede pública e nem na rede privada. Então, não tem outra palavra para dizer a não ser: se cuidem”, alertou o vice-presidente da Unimed.
A biomédica Renata ressaltou que, independente da idade, se alguém for contaminado pelo novo coronavírus, é difícil saber como o organismo vai reagir. “Algumas pessoas evoluem bem, mas outras não têm a mesma sorte e podem ir a óbito. É preciso que todos tenham consciência que esse vírus é muito perigoso”.
Para a enfermeira Ana Maria, é necessário que a população reflita sobre seu comportamento, porque os atos impensáveis podem resultar no aumento do número de casos da doença e, consequentemente, de perdas de vidas. “Essa triste realidade está batendo a nossa porta. Vamos encará-la de frente e agir com responsabilidade”, enfatizou.